O mercado prevê déficit zero só em 2028 e dívida pública crescente mesmo com arcabouço

Estimativa do mercado financeiro prevê que o setor público registrará superávit em suas contas somente em 2028.

A dívida pública brasileira continuará crescendo nos próximos anos e atingirá 89% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2032. No mês de junho, o endividamento somou 73,6% do PIB.

Esses dados constam no relatório "Focus", que foi divulgado pelo Banco Central. O levantamento ouviu mais de 100 instituições financeiras, sobre as projeções para a economia.

As previsões feita pelo mercado financeiro é divergente com o discurso da área econômica.

Informações do Ministério da Fazenda afirmam buscar saldo positivo nas contas do governo a partir de 2024.

Entretanto, para o Tesouro Nacional  a dívida pública se estabilizará abaixo de 80% do PIB até 2026 e depois terá recuo.

As contas provenientes do setor público englobam também estados, municípios e estatais, porém o peso do governo nas contas públicas é muito grande. 

Objetivo do arcabouço fiscal 

A equipe econômica estima que uma banda para as metas de suas contas, que ficaria entre um saldo negativo de 0,25% do PIB em 2024 e um superávit da mesma magnitude. E que as contas do governo voltem  ao azul a partir de 2025.

Se essas as metas fiscais não forem atingidas, os gastos deverão crescer menos (50% do aumento real da receita, em vez de 70%) nos próximos anos .

A alta real de gastos, de acordo com a nova regra para as contas públicas, ficará entre 0,6% e 2,5% ao ano.

O texto do arcabouço passou pela Câmara e pelo Senado Federal, porém ainda deve  passar por uma nova análise dos deputados para ter validade. 

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, espera que o tema entre em pauta nas próximas semanas.

O  projeto de arcabouço fiscal, prevê saldos positivos de 2025 em diante (e da promessa do governo de déficit zero já em 2024), 

Já a projeção dos analistas consultados pelo BC é de que as contas do setor público consolidado terão um saldo negativo até 2027 (-0,15% do PIB naquele ano), e que, de em 2028 em diante, passarão a ter superávits (que somará 0,25% do PIB em 2028).

De acordo com o ex-secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, economista da ASA Investments, o mercado não espera déficit zero no próximo ano já que a proposta de arcabouço fiscal contempla um aumento real das despesas de 0,6% a 2,5% ao ano.

"Até agora, a Receita Federal não mostrou onde está o ganho da arrecadação. Tudo aquilo que o ministro anunciou como vitória, como medida, a gente não está vendo na arrecadação", disse Jeferson Bittencourt, da ASA Investments.